Arte por toda parte – Batukenjé Inclusivo

“Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte.” (Johann Goethe) e O Batukenjé Inclusivo vem com o Projeto Kombo Arte Afro Brasileiro, mais uma ferramenta de alcance, que usa a música como resgate cultural e social. Desta vez, as crianças de famílias que vivem do trabalho no Lixão da Estrutural (DF) são o alvo do grupo. Conheça, participe, colabore!

Quando dizemos “arte por toda parte”, não estamos usando apenas um título bonito… O trabalho de resgate do Grupo Cultural Batukenjé toma novos rumos e cada vez mais arrojados em sua missão de inclusão social. O Projeto Kombo Arte Afro Brasileiro é mais uma ferramenta de alcance, que usa a música como resgate cultural e social. Desta vez, as crianças de famílias que vivem do trabalho no Lixão da Estrutural (DF) são o alvo do grupo.

Isso mesmo! O lixão que está em evidência no horário nobre através de uma novela que, diga-se de passagem, retrata bem de longe a realidade do local. O lixão da vida real é a Vila Estrutural, considerada uma das regiões mais pobres do Distrito Federal, que na década de 60 foi destinada para depósito de lixo. Em pouco tempo surgiram os primeiros barracos dos catadores, hoje conhecido como “Lixão da Estrutural”. Neste local as ruas são estreitas e sem pavimentação. Existe apenas uma escola de nível fundamental e um posto de saúde para atender uma população de mais de 35 mil moradores. Não há corpo de bombeiros para conter incêndios comuns em regiões assim. Crianças que certamente teriam pouca ou nenhuma possibilidade de acesso a música, a arte e a cultura, recebem duas vezes por semana o Grupo Cultural Batukenjé com oficinas que possibilitam uma melhor qualidade de vida e educação ao oferecer música, dança e confecção de instrumentos musicais (com reciclagem), o que certamente será base para auto estima e novas possibilidades de sonhos e projetos de vida para estas crianças.

A imagem registra o objetivo do projeto sendo atingido: crianças e adolescentes sendo acolhidos pelas oficinas ao invés de acompanhar seus pais no trabalho do lixão. Através da música, da dança e das oficinas de artesanato com reciclagem de materiais, são trabalhados diversos aspectos destas crianças e adolescentes: conhecimento de seu próprio corpo, troca de experiências e integração ao grupo e consequentemente integração à sociedade, permitido que se reconheçam como parte de um todo, estimulando identidade social, cidadania e sociabilização, além de estimular aptidões que os permitam vislumbrar um futuro fora do lixão. Ampliar as perspectivas de um grupo é estimular a inclusão. Só quando novos caminhos e possibilidades são apresentadas podemos escrever novas histórias de vida, evitar repetições, preconceito e limitações.

E a arte é uma linguagem forte, ampla, que pode penetrar em qualquer lugar. Para a arte não existe cor, credo, classe social ou limitação.

 E sabe o que é mais bacana? Se você quiser, pode fazer parte disso. Tornar-se um parceiro deste Projeto que oferece oportunidades e inclusão.  Não podemos ir ao lixão. Talvez nem pensemos nesta realidade que está tão distante de nós. Mas podemos sim nos fazer presentes de diversas formas. Esta matéria é uma delas – falar de um tema que normalmente não aparecem em blogs de moda ou arte – lixão, inclusão, outras realidades. Para saber como você, Pessoa Física ou Jurídica, pode apoiar o Projeto Kombo Arte Afro Brasileiro, segue abaixo o contato do Grupo Cultural Batukenjé:

Facebook do Meste Celin (Coordenador do Projeto, regulamentado e inscrito na Ordem dos Músicos e como Agente Cultural)

Site do Batukenjé

 “Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte.” (Johann Goethe) – Então, o olhar atento do menino sedento determina: uma nova história está nascendo! Uma conexão com um mundo antes desconhecido… Revelado pela arte do Batukenjé.

Para o Batukenjé, inclusão é muito mais que um texto… É uma realidade! A música que permite a todos falarem uma só linguagem – A da Igualdade,  da Liberdade.

Faça uma visita ao Lixão da Estrutural  com o Batukenjé no vídeo abaixo.

Ajude a divulgar o Projeto clicando nas redes sociais. Colabore com a inclusão. Sempre podemos nos fazer presentes de alguma maneira. Escolha a sua! Temos falado em processos sustentáveis. Entendemos este trabalho como parte disso. Sem inclusão é impossível falar em processos sustentáveis.

Batukenjé já é nosso parceiro e conheça mais de seus trabalhos nestas outras matérias: Aqui e Aqui .

Fotos: Todas do Batukenjé, autorizadas para reprodução.

Texto: Lu Jordão

Rock in Rio!

Dia 23/09, estava no escritório trabalhando (nas imediações do Rock in Rio) percebendo todo o clima de festa na cidade e preocupadíssima com meu deslocamento para casa… Isso! Não curto tumulto! Meu celular toca e era minha querida amiga Deborah Prates, usuária de cão guia, pedindo-me auxílio em informações pouco ou nada claras para acessar o Rock in Rio! Vinha com a filha de 17 anos curtir o maior evento musical da cidade maravilhosa. Neste dia, teve a informação de que o seu táxi a deixaria bem distante do evento…

Pesquisei pra cá, fui ao site do evento, e-mail para a organização buscando saber se havia alguma orientação especial para que Deborah pudesse acessar o evento com tranqüilidade. Nenhuma resposta! No site, informações imprecisas… Conversei com Deborah por telefone que me afirmou: “Lu, vou no peito e na raça! Depois te relato como foi… Mas, um evento desse porte, certamente vai prezar por acessibilidade!”

Infelizmente Deborah comprovou o contrário – falta de acessibilidade, falta de respeito, de preparo, de conhecimento, de calor humano! Segue relato que me conquista pela ausência de rancor… Um relato cercado de bom humor de uma pessoa que vive intensamente, que é feliz e que “coloca a boca no trombone” por um mundo melhor! Recebi e decidi compartilhar com o maior número de pessoas possível!

Sabem o que mais me surpreendeu? Minha conversa de 37 minutos com Deborah me descrevendo como se divertiu no show, o que mais gostou, o melhor espetáculo do dia e sua realização por ter participado com a filha adolescente de seu primeiro Rock in Rio… Eu, de minha zona de conforto e longe da multidão, senti o evento através do relato de Deborah Prates… Eu vendo da TV e ela ao vivo… Trocamos impressões, opiniões, sentimentos sobre o evento. ISSO É COMUNICAÇÃO SEM BARREIRAS! INCLUSÃO… VIVIDA, PRATICADA, SENTIDA… DE FATO, REAL!!

Porém, entendo que não se pode deixar este desrespeito com o próximo passar desapercebido.

Esse é um lado do Rock in Rio que precisa ser conhecido. E que o projeto de acessibilidade para os próximos grandes eventos na cidade maravilhosa, saia do papel, que seja real! Inclusão de fato!

Leia a aventura de Deborah Prates, cega, usuária de cão guia, indo ao maior evento de música da cidade maravilhosa e, que se dizia acessível! Clique aqui .

Por Lu Jordão

Um Texto Sem Pretexto

Descrição da Imagem: Ilustração em fundo azul dando a idéia de céu. Em primeiro plano um galho branco e delicado  de árvore, com dois pássaros amarelos, lado a lado, um maior e outro menor. Sobre os pássaros a frase : “It’s The little things taht make life wonderfull” (São pequenas coisas que tornam a vida maravilhosa).

A FORÇA DAS CONEXÕES

Viver Só Não é Bom…

Ficar Só Faz Bem Em Alguns Momentos Da Vida

Porém, Dois, Em Concordância São Mais Fortes

Três, Quatro, Alguns, Muitos, Todos!

Parcerias: Laços Que Se Somam

Disseminando O Ideal, O Que Se Quer, O Que Se Acredita, Até Onde Puder!

As Redes Sociais Deram-Me Nomes:

Paulo, Marta, Deborah, Rosa, Clice, Guilherme, Fabrício, Carol, Paula, Joel, Marilia, Chloé, Juca E, Tantos Outros Tão Importantes! Alguns Ainda Sem Rosto Definido…

Entendi Que Isso Não É O Fundamental

A Força Vem Do Ideal, Das Palavras Escritas E Ditas

Compartilhadas Em Textos, E-mails, Depoimentos

Incentivo, Força, Descobertas, Ideias, Críticas, No #FF Do Twitter, No “Curtir E Compartilhar” Do Facebook

Descobri Que O Registro De Textos Faz Surgir Laços

Que O Blog É Uma Extensão Da Própria Vida Correndo, Urgente, Intensa

Que Por Trás Dos Nomes Descobertos Nas Redes Sociais

Existem Homens E Mulheres Com Vidas Cheias De Histórias

E Histórias Cheias De Vida!

De Alguns Ouvi A Voz, Vi O Rosto

De Outros Li As Palavras

Descobri Formas Intensas De Me Comunicar… Hoje Aprendo A Escrever Imagens, A Desenhar Textos… Aprendo Que Alguns Falam Com As Mãos…  Que Outros Lêem Com Os Dedos Ou Com Os Ouvidos… Aprendo Que Preciso Reaprender A Me Comunicar Diariamente, Abertamente, Sinceramente

Reaprender A Me Dar, A Receber, A Trocar… Aprendo Que Uma Comunicação Sem Limites É Libertadora! Aprendo Que Podemos Dar Novo Sentido A Quase Todos Os Órgãos de Nosso Corpo (Olhos, Mãos, Ouvidos, Lábios, Cordas Vocais, Pernas)… Mas Ao Coração, Só Um Sentido É Permitido: O Amor, O Ideal, O Desejo De Ver O Outro, De Ver A Vida, De Compartilhar, De Trocar, De Se Doar

Então Desejo Ser 2, 3, 4… Um Milhão Se Possível For ! Conhecendo Mais Que Rostos, Mais Que Vozes, Mais Que Palavras – Conhecendo O Todo! O Próximo!

E A Rede Cresce, As Conexões Fortalecem! Permite-Nos Fazer Refletir, Mergulhar…

Sou Incluída na Vida de Pessoas Especiais Através Do Blog… Quero Incluir! Naturalmente, Sinceramente, Eternamente!

A Rede, Que Juntos Formamos, Fortalece A Inclusão.

E Não Consigo Mais Desassociar Moda E Arte De Sustentabilidade. Acredito Cada Vez Mais Que Processos Sustentáveis, Baseiam-se Na Inclusão… Em Todas As Esferas!

E Se Você Não Entendeu Alguma Parte Deste Texto, Afirmo Sem Medo de Errar: É Necessário Ampliar Sua Forma De Se Relacionar, De Se Comunicar, De Ler, Ver, Ouvir E Sentir!

Reflorestando Nossos Cérebros Para Um Planeta Verde.

O Texto acima surgiu em uma noite em que o sono demorou… Aquelas noites que tiramos para refletir sobre a existência (nossa e de nossas coisas). Sim! Ele está com todas as palavras escritas em letra inicial maiúscula. Por que? Só para mostrar que mesmo sendo diferente, fora dos padrões comuns e das regras normalmente usadas na escrita, ele diz o que quer dizer. Que “o diferente” tem muito a dizer…

Lu Jordão

Moda Inclusiva – Palestras em SP

Hoje terá início em SP A 6ª edição do Fashion Downtown e durante os 6 dias de evento, o público que circula pelo centro da maior cidade do país vai poder ver desfiles de moda praia, casual, sustentável, terceira idade, noiva e infantil. Porém os organizadores do evento afirmam que a bandeira levantada desde a primeira edição ainda está de pé: o Fashion Downtown prioriza a Moda Inclusiva, ou seja, artigos confeccionados especialmente pensados para as Pessoas com deficiência (PcD). Veja toda a programação do evento aqui, no site .

No evento, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED) promove hoje, dia 2 de maio, palestras gratuitas para mostrar aos comerciantes como tornar suas lojas acessíveis e oferecer um atendimento adequado a este público, além de um workshop sobre Moda Inclusiva.

Titular da SMPED, Marcos Belizário lembra que a cidade de São Paulo tem cerca de 1,2 milhão de pessoas com algum tipo de deficiência. Uma população cada vez mais inserida no mercado de trabalho e com maior poder aquisitivo. “Ter uma loja acessível hoje não é apenas uma questão de cidadania, mas também pode representar um ótimo negócio”.

 Sobre as adequações, que são simples:

Segundo o secretário, intervenções simples como demarcar vagas de estacionamento, transformar um degrau de 15 cm em rampa com mínimo de 1,20 m de largura e instalar piso tátil junto a degraus e escadas representam um custo pequeno e atendem grande parte das necessidades de adaptação para receber clientes com deficiência, idosos e gestantes. A multa para quem não cumpre a legislação pode chegar a R$ 3.800,00 por mês.

Tão importante quanto o acesso físico, no entanto, é garantir que a pessoa desfrute dos serviços oferecidos. Assim, numa loja de roupas, deve haver ao menos um provador acessível, além de caixa de pagamento mais baixo para usuários de cadeiras de rodas e pessoas de baixa estatura.

Via SPMED .

Nota do Blog: Aproveitamos para registrar mais uma vez que acessibilidade é bom para todos! Um cidade segura, sem buracos, com rampas, atendimento correto, transporte seguro. Quem não se sentiriam melhor em um ambiente assim? Devemos pensar neste ponto também em relação a moda.

Eu, pessoalmente estive em um shopping do Rio de Janeiro e pude comprovar apenas uma loja de departamento com rampas, provadores amplos. Apenas uma! Caixas ainda não adaptados… Etiquetas em braille? Ainda não! Ainda temos muito chão para percorrer… Mas, estamos no caminho certo! Conscientização, informação! Para formação de uma sociedade mais inclusiva e acessível.

Por Lu Jordão

A folia que eu curti – Relatos de quem vive inclusão

Descrição da Imagem acima no Blog Rosa da Rosa (um espaço muito especial que você vai adorar visitar!!)

Final de folia e eu acabei de receber esta matéria veiculada no Jornal Extra pela repórter Letícia Sicsu. Déborah Prates, nossa querida amiga e advogada aqui no Rio de Janeiro, que me enviou a matéria, descreve sua experiência… Vamos escrever a matéria na íntegra para que todos possam ter acesso ao conteúdo abordado de forma muito correta pela repórter.

O Carnaval da Inclusão

Criado por surdos, o Bloco Gargalhada desfila mensagem contra o preconceito

Eu me sinto renascendo para o carnaval.” A declaração foi dada pela advogada Deborah Prates, de 43 anos, e deficiente visual há cinco. Com a ajuda de Jimmy, seu cão guia, pela primeira vez desde que ficou cega, ela desfilou, ontem, no Bloco Gargalhada, em Vila Isabel.

A alegria e a irreverência foram a tônica do desfile do grupo, que há sete anos arrasta foliões pelo Boulervard 28 de Setembro. Com o objetivo de promover a inclusão de pessoas com deficiência, o Gargalhada surgiu a partir de um grupo de surdos.

Não somos um bloco para deficientes. A nossa alegria é para todos. Aqui, apenas oferecemos a eles condições par desfilar – explicou Yolanda Branconnot, uma das fundadoras do Bloco.

O deficiente visual e autor da marchinha que embalou a multidão durante o desfile, Waldir Domingues Lopes, de 62 anos, contou estar sentindo a vibração e a alegria: – Não posso ver mas, sinto que as pessoas estão felizes. Queremos mostrar que os deficientes têm que sair de casa para se divertir. As famílias não podem esconder seus deficientes.

Bateria especial

Tocando chocalho, Maritza  Simões, de 39 anos, deficiente auditiva, saiu esse ano pela segunda vez na bateria do bloco. Ela contou que aprendeu a tocar com um grupo de amigos e que, agora, sente-se capaz de aprender tudo. – Nós sentimos a vibração, que é o que nos permite tocar. O desfile foi ótimo. É bom saber que as pessoas são iguais. Só precisamos de apoio e incentivo – afirmou Maritza.

Durante o desfile, o bloco arrastou quem passava pela rua, cumprindo sua missão.

Conviver com as diferenças é um privilégio – disse Yolanda, uma das organizadoras do evento.

Por Letícia Sicsu (leticia.sicsu@extra.inf.br) para Jornal Extra.

 

Eu poderia escrever muito sobre inclusão baseada na atitude dos organizadores do Bloco Gargalhada… Mas, quero que o relato das Pessoas com Deficiência (PcD) que viveram a inclusão nesta experiência fale, provando que o único limitador é o preconceito. Quero destacar as palavras de Déborah, Waldir e Maritza que deixam claro que a sociedade não pode e nem deve esconder diferenças e diversidade. Simples assim. Na prática. Inclusão é direito, é legal e faz bem a todos. Pessoas cegas podem sim desfilar, compor… Pessoas com surdez, podem sim tocar, desfilar. E nós, podemos e devemos andar todos juntos para que as gerações atuais e futuras tratem a diversidade como algo natural e não como um fator de limitação. Gostei muito da abordagem da repórter que em momento algum questionou o “poder de executar” de nenhum dos participantes do bloco. Matéria séria. Abordagem séria, informativa e inclusiva de fato.

Obrigada Déborah Prates (deborahprates@yahoo.com.br) por compartilhar essa experiência comigo, o que eu divido com os leitores do Blog.

Por Lu Jordão

Imagem: Matéria do Jornal Extra de 07-03-2011

 

Kica de Castro – Saiba como funciona:agência de modelos focada na Moda Inclusiva

Existe beleza na diversidade…
A beleza não sei definir, mas a reconheço quando vejo…
E a beleza faz parte da inclusão, não pode ficar de fora…
A Pessoa com deficiência sendo referência de beleza e sensualidade…

Saiba um pouco mais sobre a Moda Inclusiva tomando forma no Brasil. Uma matéria encantadora sobre moda, beleza e diversidade.

Retomamos nossos posts e, nesse período de semana da moda carioca com três grandes eventos acontecendo, abriremos o ano falando sobre a Agência da Kica de Castro. Temos acompanhado os desfiles (amamos as semanas de moda!!), as novas tendências, o artesanal que tem sido levado para as passarelas (vamos postar sobre) mas, ainda sentimos demais o fato de que a moda ainda não faça uso de uma linguagem abrangente, sem barreiras, acessível – pessoas cegas ainda não tem a audiodescrição nos desfiles e, na cobertura de sites, não há descrição de imagens nas fotos para que tenham acesso pleno às tendências da próxima estação. O casting dos desfiles apresenta um padrão de beleza que não foca em momento algum a moda inclusiva e real – plus size, pessoas com deficiência ou qualquer outro padrão que não seja compatível com o que as passarelas ditam.

Fizemos uma entrevista com a fotógrafa Kika de Castro em dezembro e, decidimos postar  justamente numa das semanas de moda mais importantes do país: Fashion Rio, Rio Fashion Business. Para que? Simplesmente para refletir sobre nossa realidade, sobre os conceitos de padrão de beleza pregados, sobre o direito que todos tem de se expressar através da linguagem da imagem – a MODA, que a semelhança de tudo na vida, deveria ser acessível.

Conheça a agência da Kica, focada na diversidade e na inserção de modelos com algum tipo de deficiência no mercado de trabalho. Em 2008, a fotógrafa firmou parceria com uma agência em Berlim, a Visable e, tem feito desfiles por todo o país.

Descrição de Imagem -A logomarca da agência de modelos – em primeiro plano seu seu nome escrito do lado esquerdo : Kica de Castro. Em segundo plano, desenho em preto e branco de uma máquina fotográfica ao lado direito do nome, traços finos e, a  letra “o” do sobrenome da fotografa é substituída pelo desenho da lente da máquina fotográfica.

DMA – Kica por Kica:

KC – Vamos lá: nasci no dia 11 de março de 1977. Agora em 2011 vou completar 34 anos.  Sou de São Caetano do Sul, grande ABC de São Paulo. Sou graduada em comunicação social com ênfase em publicidade e propaganda e pós graduada em fotografia. Sou bem tranqüila, e não gosto de ver injustiça. Quando estou certa, luto pelo que acho justo. Não mando recado, falo o que penso e quando não gosto não sei disfarça. Quando estou no trabalho, me foco nos objetivos. Sou caseira e amo a minha família. Amo ficar em casa com eles e amigos. Sempre morei em São Paulo. No futuro quero ir para o interior, de São Paulo mesmo, para ter ar puro e tranqüilidade. Sair do caos na aposentadoria é um dos meus objetivos. Gostaria de viver até uns 100 anos para acompanhar toda uma evolução da humanidade que esta por vir. Só espero que o preconceito não demore muito para acabar. Essa com certeza vai ser a grande evolução da humanidade.

DMA – Defina seu trabalho para nossos leitores…

KC – Sou fotógrafa e tenho uma agência de modelos para pessoas com alguma deficiência. Em 2003 fazia fotos para resgate da auto estima, hoje estamos profissionalizando os agenciados para esse mercado.

DMA – Beleza para as lentes de Kica de Castro é…

KC – Ser o mais natural possível. Não gosto e nem uso photoshop nas fotos de meus modelos. Tenho o maior orgulho quando recebo um elogio falando da beleza das modelos, pois sei que estão sendo reconhecidas pela beleza real e não por um padrão que a sociedade impõe por computação gráfica. Um padrão que só existe virtualmente.

Descrição de imagens: Modelo Maraísa Proença. Foto em preto e branco, a modelo morena está em pé, cabelos presos, brincos grandes em formato  de argola, trajando vestido com decote que valoriza seu colo. Suas mãos seguram uma espécie de rede que fica em primeiro plano fazendo todo o cenário da foto. A mão direita abre parte da rede mostrando seu rosto. Maraísa é amputada.

DMA – Como foi o processo até você iniciar a arte da fotografia focando PcD?

KC – Durante alguns anos atuei com publicitária. Entre 1995 a 2000. No ano de 2ooo, após a minha formatura resolvi investir no que até então era apenas uma paixão, fotografias. Comecei fazendo registros sociais (casamentos, batizados, aniversários, books …) e corporativos. No ano de 2002 recebi o convite para ser chefe do setor de fotografias de um centro de reabilitação para pessoas com alguma deficiência física. Literalmente caí de pára-quedas. Os três primeiros meses foram os mais complicados, não tinha experiência e nem alguém para orientação. Aprendi ali no dia a dia, estudando termos científicos e perguntando ao corpo clinico e terapeutas. No inicio o foco eram só fotos com caráter cientifico, para prontuário medico e artigos científicos. Fotos de frente, costa e as duas laterais, ao lado uma placa com o número do prontuário. Os pacientes não gostavam, afinal além de remeter para fotos de “presidiários” era muito invasivo na privacidade, uma vez que as fotos eram na grande maioria apenas com peças intimas focando a deficiência. Para o corpo clinico esse registro é muito importante, mas não ajudava nada na auto-estima. No ano de 2003 resolvi resgatar essa auto-estima com fotos. Levei para o setor acessórios: bijuterias, espelho,  maquiagem, pente, gel… transformei aquele setor em um estúdio fotográfico. O gelo foi quebrado e os pacientes ficavam mais soltos. Eles começaram e me procurar de forma particular para fazer book, no qual eu cobrava apenas o preço de custo. Motivados com o book, questionaram sobre oportunidades no mercado de trabalho como modelos. Incentivei a procurarem as agências de modelos. Para a minha surpresa, ou melhor, não foi nenhuma surpresa, todas as respostas eram negativas e desmotivadoras … “não temos nada para o seu perfil, creio que não existe mercado para pessoas com esse perfil”… Fiquei chocada com o preconceito. Comecei uma pesquisa e muitos resultados achei na Europa. Alemanha concurso de beleza, “A mais bela cadeirante”. Não é totalmente inclusivo, afinal cadê as demais patologias e o sexo oposto, mais já era um começo. Na França e Inglaterra, reality show, estilo BBB e No Limite, só com pessoas que tenham algum tipo de deficiência, bem mais inclusivo, mais ainda faltavam as pessoas sem deficiência para a interação.  Motivada com esses resultados e a empolgação das meninas , em 2007 resolvi sair do centro de reabilitação e abri uma agência de modelos só para pessoas com alguma deficiência, considerada até hoje a única do Brasil. Desde então, começamos a ter mais oportunidades dentro desse mercado de trabalho, pessoas com deficiência sendo reconhecidas pela sua beleza e sensualidade e se é para falar de inclusão, que seja num todo. E a beleza faz parte da inclusão, não pode ficar de fora.

Modelos na passarela:  Carina Queiróz, de Salvador, paraplégica, 30 anos, recém casada, na agência de Kica desde 2009 e, Jane Freitas, de Goiânia, amputada, casada, jogadora de vôlei sentada e pela primeira vez subiu a passarela pela agência de Kica, que destacou seu belíssimo desempenho em postura e beleza.

Descrição de imagens: Na foto do desfile as duas modelos aparecem em primeiro plano, numa passarela. Do lado esquerdo da foto, em sua cadeira de rodas Carina, trajando vestido preto, cabelos loiros, longos e elegantemente presos com um arranjo vermelho, nos pés polainas rosas e sacarpins amarelos. As cores dos acessórios trazem alegria para o vestido preto básico. Ao seu lado, em pé, com a mão direita na cintura, a modelo Jane usa vestido tomara que caia azul, amplo, deixando sua prótese aparente, combinado com um colar vermelho. Nos pés, sapatilhas rasteiras na cor bege e meias coloridas (rosa no pé direito e verde na prótese) conferindo um look irreverente. Os cabelos loiros estão presos com arranjo vermelho.

DMA – Hoje sua agência é a única no Brasil com esse foco. Como sua proposta tem sido recebida pelo mercado?

KC – No começo o preconceito foi muito grande, mas hoje conseguimos provar com as fotos e profissionalismo que as modelos da agência não deixam a desejar para nenhuma das modelos ditas normais. E que existe beleza na diversidade. Tem uma frase do Dr. Ivo Pitanguy e acho que ela resume bem a nossa proposta: “ a beleza não sei definir, mas a reconheço quando vejo”.

DMA – Como é o processo de seleção dos seus modelos? Quais os quesitos para compor seu casting?

KC – Não são diferentes dos convencionais, de uma agência para pessoa sem deficiência. A pessoa com deficiência precisa estar qualificada para esse mercado: curso de postura, expressão corporal, etiqueta, auto maquiagem … Tenho esses profissionais que são parceiros da agência para qualificar. É obrigatório a pessoa ter o estudo de acordo com a idade. No mínimo a pessoa tem que chegar ao 2 grau. Estudar é fundamental para entrar na agência. Cuidados com a saúde e alimentação. A pessoa tem que ser vaidosa, ter uma atividade física, cuidar do corpo é muito importante. O esporte além de ajudar o físico ajuda o mental. Dentro da agência existem as classificações: modelo de passarela, modelo fotográfico, promotoras de evento … Dentro dessas classificações a pessoa precisa fazer o curso para entrar no mercado. Quando o candidato entra na agência, existem regras a serem cumpridas: beber com moderação, de preferência não fumar, se fumar ter um dentista para futuras clareações … Cortar o cabelo e tatuagem tem que ser avisado antes, para poder tirar as fotos de circulação antes de fazer esse processo. Isso é importante ressaltar, afinal se o cliente aprova o perfil por foto e mandei a mesma com uma determinada aparência física, não posso mandar para um teste o oposto do que foi aprovado por foto.

Descrição de Imagens: na passarela com sua cadeira de rodas a modelo Caroline Marques, morena, pernas cruzadas, cabelos presos em coque elegante, brincos compridos, vestido todo branco, curto, com babados delicados e nos pés,  sacarpins brancos. A modelo está sorrindo.

DMA – O que considera como a maior dificuldade para inserção desses modelos no mercado de trabalho atual?

KC – Ainda enfrentamos muito o preconceito.  Existem no Brasil cerca de 30 milhões de pessoas com alguma deficiência e o mercado ainda não vê essas pessoas como consumidores.

DMA – Você, como fotógrafa, consegue viver só do retorno financeiro da agência?

KC – Infelizmente não. Faço muitos eventos sociais e corporativos, minha demanda são casamentos e corporativos,  também os book de modelos sem deficiência.

DMA – E um modelo com deficiência, consegue manter-se só como modelo no mercado atual?

KC – Tenho pouquíssimos casos de modelos que vivem tão exclusivamente desse mercado. Por isso que incentivo a pessoa a ter outra profissão. Ainda tenho que trabalhar com modelos free lancer “um bico”, mas isso está mudando aos poucos. A questão da beleza e sensualidade da pessoa com deficiência não tinha sido explorada antes do surgimento da agência e, como de uma certa forma a agência é recente, os resultados não aparecem imediatamente. Mesmo com pouco tempo, temos resultados bem gratificantes, como alguns desfiles inclusivos (pessoas com e sem deficiência) na mesma passarela. Alguns desfiles de moda inclusiva, que são roupas adaptadas.

DMA – Em trabalhos realizados, inserindo os modelos de seu casting, você percebe inclusão total e de fato? Há realmente igualdade nas oportunidades – cachê, visibilidade, exposição de nome do modelo e agência, acessibilidade nas instalações?

KC– Faltam muitas coisas para conquistar nas questões de acessibilidade, buracos nas ruas, falta de rampas … As oportunidades ainda não são de igual para igual. A quantidade de modelos com deficiência na passarela não é na mesma proporção que modelos sem deficiência. A porcentagem é bem menor. Na maioria, temos nos desfiles inclusivos entre dois e um modelo com deficiência no meio de 30 sem deficiência. Mas isso está mudando. Algumas mídias não valorizam o modelo com deficiência e sim, a patologia. Muito comum ver: Foi realizado um desfile com pessoas com necessidades especiais … ou ainda … desfile de portadores de deficiência. Primeiro que essas terminologias não são corretas. O correto é usar o termo “Pessoas com deficiência” (PcD). Muito raro ver o nome desses modelos na mídia. Um exemplo: em um desfile recente, foi publicado o nome do artista e a patologia do modelo. O ator “X” na passarela com a menina cega. Achei isso um absurdo! Mesmo por que o evento teve a preocupação de chamar o modelo com deficiência à passarela pelo nome e tinha um telão onde constava o nome do mesmo por escrito. Achei isso um tremendo pouco caso e falta da valorização da pessoa com deficiência como profissional. Existem pessoas que organizam eventos valorizando o assistencialismo e não pelo profissionalismo. Pegam a pessoa com deficiência e colocam na passarela, isso é errado. A pessoa com deficiência quer igualdade e respeito, ser reconhecida pelo seu talento e para isso eles correm atrás das oportunidades. Isso eu cobro: objetividade, determinação e organização.

DMA – Existe uma linha muito tênue entre inclusão de fato e ação de marketing para divulgação de uma marca ou, puro assistencialismo. É possível definir no decorrer de uma negociação se o trabalho contratado está realmente focando numa inclusão real e total? Qual é sua postura em relação a isso?

KC – Não podemos negar que muitas das oportunidades surgem com campanhas sociais e de “responsabilidade social”. Nossa única preocupação  é fazer uma campanha que não seja voltada para vulgaridade e que de fato valorize a pessoa com deficiência como ser humano e profissional.

DMA – Fotografia e auto estima, qual a relação?

KC – Mesmo que seja para um registro pessoal, a pessoa tem todo um cuidado, um contato maior com a sua vaidade, estar bem vestido, penteado e maquiado. Ter esses minutos de vaidade antes da foto, faz a pessoa de sentir bem, mais confiante e bonita. Após ver o resultado do registro fotográfico, a pessoa fica feliz. E a felicidade reflete na beleza. A melhor maquiagem que o ser humano pode ter é o sorriso, ele transforma o físico, emite um brilho no olhar  que reflete na pele… isso aumenta a estima.

DMA – Quais as técnicas e inspiração usadas num trabalho tão diferenciado e que faz você se destacar?

KC – As técnicas fotográficas são as mesmas utilizadas por outros fotógrafos. Simplesmente retrato as pessoas como elas são. Nos books a maquiagem é a mais natural possível, procuro um figurino adequado para cada perfil e uso os aparelhos ortopédicos (muletas, cadeira de rodas, próteses, bengalas…) como acessórios de moda. Exploro ângulos e poses.

Modelo: Paola Klokler, MFC (má formação congênita). Nasceu sem um membro inferior (perna). É atleta de basquete em cadeira de rodas, dançarina do ventre e modelo fotográfico da Agência de Kika. Suas fotos fazem parte do Casting internacional, fruto da parceria com a agência de Berlim  Visable

Descrição de imagens: Na primeira foto a modelo loira, pele clara e olhos claros está sentada, trajando vestido com estampa estilo tribal, predominando os tons de azul, laranja e cinza, pés descalços, com o cotovelo esquerdo apoiado em sua prótese, mão no rosto e mão esquerda também na prótese, projetando o corpo para frente. Na segunda foto a mesma modelo está sentada no chão, sobre a perna direita, trajando roupa azul royal característica de dança do ventre, a prótese que substitui a perna esquerda está a frente, dobrada, com a mão direita apoiada sobre ela.

DMA – Que momento de sua trajetória você eternizaria (ou eternizou) em uma fotografia?

KC – Na história da humanidade, a evolução é algo que existe de fato. Em todos os requisitos: tecnologia, medicina e claro a beleza. Estou eternizando justamente essa parte da história – a pessoa com deficiência sendo referência de beleza e sensualidade.

DMA – Claro que antes de entrevistar uma pessoa especial, procuramos saber mais sobre ela… (rsrs) Pode apresentar a Malu para nossos leitores?

KC – A Malu vai comigo para tudo que é canto, sempre estou com ela. Uma companheira fiel, digamos que minha filha mesmo (rs). Quando gostamos de alguma coisa, damos nome, eu pelo menos sou assim, dou nome para tudo que gosto. Sendo assim, a minha câmera fotográfica recebeu o nome de Malu (rs). Não deixo ninguém “nem respirar” perto dela, não vendo, não empresto … Só eu a uso. Nem adianta insistir!

DMA – O céu é o limite? Qual é o céu da Kica? Onde ela quer chegar?

KC – Quero a galáxia (rs). Um dos meus objetivos e conseguir a capa da Playboy. Ver uma das meninas sendo ali retratada, não necessariamente eu como fotógrafa. Se isso acontecer de fato a palavra inclusão vai ter o seu sentido mais amplo.

DMA – Planos para o futuro, pode compartilhar conosco?

KC – Estou com um projeto bem bacana com uma amiga de Goiânia, a Rafaela. Mais todos vão ter que esperar um pouquinho (rs).

DMA – Algo que não perguntamos e que gostaria de falar?

KC – Tive a oportunidade com essas perguntas de expor todos os meus pensamentos e objetivos. Grata pela oportunidade. E vamos que vamos!

Eu, Lu, Editora do Blog, amante de uma moda que comporta todo o exposto acima, fiquei extremamente feliz pela oportunidade de entrevistar a Kica. Esse já era um desejo desde esta matéria aqui. Suas respostas nos fazem acreditar numa sociedade mais humana, profunda, nos fazem ver a beleza como ela deve ser vista: sem paradigmas , preconceitos, formatos prévios ou padrões estabelecidos que tendem a nos tornar limitados, equivocados…

Quero encerrar a matéria com a frase mencionada por Kica do Dr. Ivo Pitanguy : “A beleza não sei definir, mas a reconheço quando vejo” . Veja o belo com as bases da inclusão – além dos olhos, com o compartilhar permitido pela descrição de imagens atentando para detalhes, com o coração voltado para entender outras realidades, com os ouvidos, com os aromas. Vamos exercitar mais nossos sentidos! Sair do superficialidade que os padrões ditados nos condicionam… E se isso ainda for pouco (o que não acredito) vamos cumprir leis, tornando a sociedade mais justa, inclusiva, acessível e melhor para se viver.

Kica, obrigada por compartilhar conosco e tenha o Duas Moda e Arte como parceiro na divulgação da Moda Inclusiva.

Contatos:

Kica de Castro
E-mail: kicadecastro@gmail.com
Telefone: + 55 11 8131-0154

Post por Lu Jordão

O Mercado Promete: Um Novo Olhar – Inclusão.

Jéssica Maia estudante de jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) entrevistou algumas pessoas envolvidas de alguma maneira com Moda Inclusiva para fazer seu trabalho. Hoje, a matéria não é minha… Quem vai assinar é a futura jornalista Jéssica Maia que já se lança num mercado ético, justo, correto – a inclusão.

Foto: J.Crew

Descrição de imagem (recurso que permite pessoas cegas desfrutar da parte visual de nossas matérias): Foto antiga, colorida e, em primeiro plano, uma jovem  de cabelos lisos e loiros vestida com traje retro: mini vestido jeans com aplicação na parte frontal de tecido estampando em tons de verde, preto e branco, meia calça verde e sapato bem alto em tons de marrom. Ao seu lado uma pilha com 26 livros antigos, capa dura, grossos. A pilha fica quase de sua altura, permitindo que ela debruce sobre eles, descansando a cabeça sobre seu braço que está apoiando na pilha de livros. No fundo da foto uma parede em concreto e envelhecida. O piso também envelhecido, em madeira.

Temos trocado com vários grupos de faculdade fazendo suas teses na área de moda inclusiva. Atendemos um grupo na área de administração, outro na área de moda e último na área de jornalismo. Jéssica Maia,  estudante de jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), entrevistou algumas pessoas envolvidas de alguma maneira com Moda Inclusiva para fazer seu trabalho. Hoje, a matéria não é minha… Quem vai assinar é a futura jornalista Jéssica Maia que já se lança num mercado ético, justo, correto – a inclusão.

 

Vamos publicar o trabalho da Jéssica e o site, resultado de suas pesquisas com todas as entrevistas.

Moda inclusiva cresce no Brasil e no mundo

Um novo segmento no ramo da moda se destaca e chama a atenção de estilistas

O assunto moda está quase obrigatoriamente relacionado a modelos muito magras e altas cujo padrão de beleza destoa da realidade da maioria. Porém, essa indústria tem passado por diversas mudanças, abrindo espaço para a diversidade trazida pelas modelos plus size e deficientes físicos, em especial, os cadeirantes. O Brasil tem, hoje, cerca de 29 milhões de pessoas com deficiência (PcD). Somente no Estado de São Paulo, esse contingente ultrapassa 5 milhões. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), em torno de 10% da população mundial é de PcD.

Esses índices têm atraído a atenção de diversos estilistas para a moda inclusiva, como o francês Chris Ambraisse, que em 2007 lançou sua primeira coleção de moda inclusiva com 30 looks desfilados  por modelos com e sem deficiência em condições de igualdade. Chris se dedicou em trazer acessibilidade para o campo da moda, criando uma marca de roupas adaptadas às necessidades especiais dos deficientes físicos, a A&K Classics. Segundo ele, a marca busca trazer muita reflexão, objetivando a funcionalidade das roupas bem como a sua estética. Ele apostou em peças ergonomicamente projetadas para todo tipo de necessidade, com um sistema de abertura previsto para facilitar a circulação e a mobilidade, além de  elástico na cintura em vez de cós e botões, e velcro no lugar do zíper, o que facilita a troca de roupas.

A Moda Inclusiva já é um foco de estilistas na Europa e Estados Unidos. O Brasil também começa a enxergar nesse novo ramo não apenas um processo de inclusão, mas também um mercado em potencial. “Acredito que a inclusão no mundo fashion traz benefícios para as duas partes. É um bom negócio, gerador de auto estima, e faz com que a moda cumpra o papel de  permitir que todos se expressem através de um ato comum e diário, o vestir”, afirma a Lu Jordão, editora do blog Duas Moda e Arte, destinado à moda inclusiva. Ao lado de sua irmã Cris Jordão, a blogueira divulga informações sobre moda e possui um espaço reservado para as pessoas com necessidades especiais. “Hoje somos uma sociedade voltada para a imagem. Somos avaliados à primeira vista, pelo que vestimos ou como vestimos. Quando você promove a inclusão e a acessibilidade, é certeza que está promovendo uma sociedade melhor para todos”, completa Lu.

Um exemplo recente ocorreu em Porto Alegre e também contou com a divulgação das blogueiras, a participação de uma cadeirante durante o desfile da estilista Vitória Cuervo no Dona Fashion Iguatemi, um dos mais importantes do Sul do país. Vitória, que já tinha feito o seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Design de Moda da Feevale sobre moda para cadeirantes pôde colocar em prática o que havia estudado. “A maneira que nos vestimos expressa muito quem a gente é. E se uma pessoa não tem acesso ao que ela gostaria de usar, como vai poder expressar isso? Em todas as minhas coleções, farei algumas peças adaptadas”, observou a estilista.  Diversos blogs divulgam de maneira positiva o trabalho da estilista, inclusive blogs relacionados aos PcDs, e ela reforça que esse é apenas o início de um trabalho.

No mês de junho desse ano, o governo de São Paulo promoveu pela segunda vez o Concurso de Moda Inclusiva para pessoas com deficiência. O desfile ocorreu no museu da língua portuguesa. Modelos com deficiência tomaram a passarela e desfilaram roupas que unem estilo, praticidade e conforto, apresentando características que visam facilitar o dia a dia dos PcDs, como calça com abertura lateral em velcro, bolsos em locais acessíveis, botão magnético (que se unem em ímãs), costura e zíper na lateral, sapato com solado antiderrapante e etiqueta com numeração descrita em braile.

Esses são exemplos que mostram a flexibilidade nos padrões exigidos pela indústria da moda, a necessidade de incluir as pessoas com limitações físicas no mundo fashion, além de abrir as portas para um novo segmento. Assim, a moda cumpre seu papel de incluir, aproximar e valorizar as pessoas. “Todo mundo tem o direito do acesso à moda. Todo mundo quer e deve se vestir de acordo com seu gosto, seu estilo. Quem não gosta de se sentir bonita, desejada? A moda é democrática e seu papel é cada vez mais importante na sociedade. Todo mundo fala em moda. Em todas minhas coleções, farei algumas peças adaptadas. A minha idéia é justamente incluir. Fazer para todos”, completa Vitória.

Post by Jéssica Maia, 20 anos completados hoje, no Twitter: @gee_maia e no Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=1058122853

e Paola Barbosa , no Twitter: @pazinhabarbosa

Site com entrevistas: http://tendenciamoda.hd1.com.br/6.html

 

Nota do Blog: Entendemos que a cada grupo que move seu olhar numa nova direção, damos um passo para uma moda e uma sociedade baseada na diversidade, com bases na ética, na igualdade de oportunidades e, principalmente agregadora, conectando todas as pessoas a situações que promovam recursos financeiros, educação, cultura e auto estima. É nisso que acreditamos.É nisso que investimos nosso tempo, nossas energias, nosso trabalho. É na formação de uma nova geração ética e inclusiva que pensamos… E, na transformação de tudo o que se vê e que não condiz com essas bases.

Lançamento da Primeira Linha de Moda Inclusiva Brasileira

Lançamento da primeira linha de roupas inclusivas no Brasil. Parceria do Instituto Mara Gabrilli (IMG) e da marca Hey!U com a Galeria Mundo Mix. Conheça e divulgue essa moda inclusiva e ética.

Uma parceria do Instituto Mara Gabrilli (IMG) e da marca Hey!U com a  Galeria Mundo Mix, resultou na primeira linha de roupas voltada para inclusão. É a moda cumprindo seu papel – linguagem da imagem para todos. A príncipio será lançada no dia 3/12/2010 uma linha de t-shirts lindas. Todas as peças da coleção terão identificação com toque braille, com descrição de cor, tamanho e estamparia para facilitar o reconhecimento por cegos.

O convite para o evento:

Mais detalhes? No site do Instituto Mara Gabrilli

Sobre o Lançamento:
Evento: Lançamento da linha de moda inclusiva “Easy Put”
Data: sexta-feira, 3 de dezembro
Horário: a partir das 20 horas
Local: Sonique Bar. R. Bela Cintra, 461. Tel.: 2628-8707
RSVP: maragabrilli@img.org.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

 

Esse é o novo olhar – uma moda democrática, ética focada na sustentabilidade social. Não existe nada mais elegante do que a Inclusão!

Por Lu Jordão

 

Imagens Encantadoras

Ensaio fotográfico com beleza simples e despretensiosa, ar retrô. A fotografia como arte, destacando a simplicidade.

A imagem da elegância natural e despretensiosa…

Descrição e imagens: Foto de uma modelo sentada, trajando um vestido tomara que caia, listrado em tons acinzentados e branco, de saia longa e ampla. Ela é loira, cabelos compridos, lisos, soltos, caindo sobre o ombro direito. Ela calça um sapato de época,tamanco de madeira branca, com bicos pontudos. Atrás dela uma parede em tons de azul bem claro, branco e um friso bege que também é a cor de parte da porta que aparece na imagem.  A foto teve toda a produção para aparentar uma época antiga, encantadora.

Descrição de Imagens: A mesma modelo está de pé, numa sala antiga, sem móveis. O registro fotográfico capta os cabelos agitados pelo vento, uma mão no queixo enquanto ela olha para os pés – vestindo um casaco de lã preto e saia de algodão plissado na cor bege. As sombras dos cômodos vazios estão por trás da modelo refletindo sobre ela somente a luz natural das janelas invisíveis.

Descrição de imagens: Montagem de duas fotos em preto e branco. Na primeira a modelo aparece em pé, na mesma casa antiga e vazia, cabelos soltos, saia longa e os tamancos antigos de madeira branca e bicos pontudos. A segunda, um close de seu rosto com expressão serena e beleza singela, simples, sem maquiagem ou acessórios.

 

O ensaio nos encantou por apresentar uma beleza simples, forte, singela e marcante. Amamos fotos com esse ar retrô.

 

Nota do Blog: A descrição de imagens é um recurso que estamos aprendendo a usar em nossos posts, permitindo que pessoas cegas possam participar das matérias como um todo, inclusive formando opiniões sobre a imagem descrita. Uma comunicação sem barreiras… Essa é nossa meta! A moda e a arte para todos! A fotografia é uma arte e com este recurso permitimos que todos possam apreciá-la.

Figurino: Yohji Yamamoto

Fotografia: Richard Bush

Fonte: http://www.ablogcuratedby.com/yohjiyamamoto/

Por Lu Jordão.

 

Vitória Cuervo – Moda e Inclusão em Porto Alegre

Vitória Cuervo, estilista de Porto Alegre que lançou sua coleção no Donna Fashion Iguatemi, um dos eventos de moda mais importantes do Sul. Uma coleção cercada de arte, design, cor e INCLUSÃO. Vitória convidou a jornalista Juliana Carvalho, cadeirante, para fazer parte de seu Casting. Peças lindas, modernas, coloridas oferecendo uma Moda Inclusiva, ética, acolhedora, humana.

Quando encontramos a fusão da moda com design perfeito aliado ao movimento de inclusão – a Moda para Todos, que visa ética e estética – não podemos deixar de divulgar. Quando isso acontece no Brasil, mais orgulhosas ainda ficamos. Temos feito diversas matérias sobre o movimento da moda na direção da inclusão, com conceitos que visem as necessidades de Pessoas com Deficiência (PcD) e muitas destas matérias são de estilistas de fora do país. Vitória Cuervo é brasileiríssima, de Porto Alegre. Lançou sua coleção no evento de moda mais importante do Sul – o Donna Fashion Iguatemi. O que a coleção da estilista tem de diferente? A Inclusão. Ela tomou a iniciativa de convidar para compor seu casting a jornalista Juliana Carvalho, cadeirante que escreve o Blog http://www.comediasdavidaaleijada.blogspot.com/, e desfilar em sua passarela. E Juliana destacou-se na passarela, linda e vestindo um modelo que lhe caiu perfeitamente bem, em condições de igualdade com as demais modelos que representavam a coleção de Vitória. Assistam ao desfile.

Claro que não poderíamos deixar de entrar em contato com Vitória Cuervo e ouvir dela sobre a essência de sua moda.

DMA – Vitória, o que levou você a convidar uma modelo com deficiência para sua passarela?

VC – Fiz meu trabalho de conclusão da faculdade de moda (Feevale) sobre esse tema, orientada pela professora de modelagem Daiane Pletsch Heinrich, que fez seu doutorado em Ergonomia no Vestuário. Fiz um estudo pra entender as implicações e limitações do vestuário para mulheres cadeirantes. Eu sempre tive curiosidade em saber como essas pessoas lidam com a questão moda e vestuário, se rola interesse pelo assunto, se usam ou gostariam de usar. Daí fiz um estudo super aprofundado sobre o assunto e entrevistei várias mulheres e foi quase unânime o interesse pelo assunto e claro, a dificuldade de encontrar produtos que unem conforto e estética.

DMA – Como foi recebida essa sua atitude pelo meio?

VC – Acho que as pessoas ficaram surpresas e emocionadas. Infelizmente este público é na maioria das vezes esquecido. Mas elas também querem e DEVEM consumir produtos com conceito de moda. A roupa e o estilo dizem tanto de uma pessoa, mas se ela não tem acesso a isso, como se expressar através dela?

DMA – E a mídia, como recebeu esta atitude?

VC – A mídia tem interessado-se por ações relacionadas a inclusão. Certamente quando a inclusão é praticada, agrega-se valor ao que se faz. Aos poucos vou conseguindo mostrar meu trabalho e ao mesmo tempo como pode ser tão simples e tão gratificante ver uma pessoa que já tem tantas barreiras no dia-a-dia, poder ter acesso a algo tão presente na vida de todos hoje em dia, que é a moda. Participar disso, usufruir, se sentir bonita.

DMA – E a Juliana, como foi essa parceria inclusiva entre a jornalista que desfilou e a estilista Vitória?

VCA Juliana foi uma das mulheres que entrevistei durante o TCC. Temos vários amigos em comum e foram eles que haviam me indicado ela. Ela ficou linda no desfile, fiquei surpresa quando vi o vídeo e ela entrando e posando tão lindamente, com tanta facilidade. E ela adorou fazer parte disso, adorou a roupa que fiz pra ela.

DMA – Como a Vitória define sua moda?

VC – Chique, divertida, contemporânea, vanguarda.

Conheça a coleção de Vitória Cuervo que teve inspiração no conceito da moda africana. Vitória usou tecidos africanos, as capulanas – panos tradicionais usados pelas mulheres locais para cobrir o corpo, como saias, no tronco ou como turbantes. A riqueza de cores e motivos constitui-se numa característica da riqueza cultural africana. Dentro deste conceito houve a mistura de estampas, uma das tendências fortes do verão, mistura de texturas e recortes com curvas abaloadas que provocaram um efeito encantador. Vitória fez um delicioso trabalho com técnicas de patchwork trazendo incrível harmonia na base preta, misturada às diversas estampas africanas num mesmo modelo. Os zíperes foram usados em locais estratégicos, permitindo uma brincadeira versátil de cores e estampas. Uma coleção rica em detalhes, formas, cores, cultura e INCLUSÃO. Moda e arte totalmente inclusiva e humana na passarela da estilista.

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Créditos:

Fotos: Pedro Cupertino e Diego Vara

Calçados: Gentilmente cedidos pelo designer de calçados  Jailson Marcos http://www.jailsonmarcos.com/ , que abordaremos em uma outra matéria. Seu trabalho é encantador, com pegada artesanal e status de alta costura o que rende modelos conceituais, nada comerciais e que gritam por sua exclusividade. Visite o site! Eu fiquei apaixonada pela pegada artesanal chiquérrima!! As sandálias especiais parecem verdadeiras esculturas! Parei! Ou faço outro post aqui mesmo…. rs

Contatos de Vitória Cuervo:

Página no Facebook:

http://www.facebook.com/pages/VitoriaCuervo/169471529732963

Sigam a estilista no Twitter: http://twitter.com/#!/vicuervo

E-mail: vicuervo@gmail.com

Telefone: (51)9956.0151

 

Vitória, desejamos que sua moda ganhe o mundo, seguindo com suas bases – moda chique, contemporânea, vanguarda e inclusiva. Conte conosco aqui no Rio de Janeiro e mantenha nossos leitores informados sobre sua criação. Amamos falar sobre seu trabalho!

Post by Lu Jordão